O Brasil é um país com alto índice de homicídios de pessoas transexuais. O preconceito e a violência podem estar em qualquer lugar, inclusive nas empresas, e ainda hoje a maioria delas carregam o preconceito que resulta na falta de vagas para pessoas trans no mercado de trabalho.
E a pergunta que fica é: como as empresas podem aumentar a diversidade e as oportunidades das minorias, como a comunidade transgênera?
Neste artigo, você confere mais sobre o cenário das pessoas trans no mercado de trabalho e como o recrutamento e seleção pode ser fundamental para garantir vaga a essas pessoas.
Pessoas trans no mercado de trabalho
Ao abrir uma vaga é preciso ter muito cuidado na sua descrição. Em muitos processos a diversidade já não vai para frente na própria fase da triagem. E das pessoas trans que conseguem emprego, 61% precisam esconder a sua identidade de gênero, de acordo com os dados da do Instituto Center for Talent Inovation.
O ponto de atenção aqui é que não basta apenas incluir pessoas trans no mercado de trabalho, é preciso criar um ambiente onde elas se sintam seguras e respeitadas.
Para uma pessoa trans entrar no mercado de trabalho, há um longo caminho a ser percorrido. De acordo com um relatório feito pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais, 88% dos entrevistados acreditam que as empresas não estão prontas para a contratação de pessoas trans.
A pesquisa apresentou ainda que 20% da população trans não tem emprego formal e 56,82% sofrem com insegurança alimentar.
Em um estudo realizado referente à empregabilidade trans, 90% das pessoas entrevistadas acreditam que mulheres trans são travestis e que, por falta de oportunidades profissionais, acabam trabalhando na prostituição.
Como incluir pessoas trans no mercado de trabalho?
Além de fazer um processo de recrutamento e seleção mais diverso, é preciso que a empresa invista em ações para que as pessoas trans possam se desenvolver.
São raras as pessoas trans que entram para o mercado de trabalho com graduação, especializações, idiomas e experiências. De acordo com a Associação Nacional de Travestir e Transexuais (ANTRA), 90% das pessoas trans estão em situação de rua e de prostituição e não é por opção.
Empresas que realmente querem investir na diversidade precisam estudar e saber como essas pessoas funcionam, quais são as suas necessidades. A partir daí é preciso criar projetos e ações de como ela pode se adaptar para recebê-las.
Entretanto, ainda há muito a ser feito. Em um estudo do LinkedIn, de 2018, mostrou que 78% das empresas priorizavam diversidade quando iam contratar novos funcionários. Porém, 38% dos empregadores relataram ter dificuldade de encontrar candidatos diversos.
Por que as empresas estão investindo em diversidade e inclusão?
Empresas que buscam por talentos diversos também acabam contribuindo com a sociedade, pois dão oportunidade para as pessoas que fazem parte de grupos historicamente marginalizados, como negros, mulheres, pessoas com deficiências, pessoas LGBTQIA+, indígenas, entre tantas outras minorias.
Vale lembrar que ao investir na diversidade, a empresa aumenta sua competitividade e o retorno financeiro. Isso porque, ao ter um quadro mais diverso de funcionários, a empresa abre espaço para esses profissionais mostrarem todo o seu potencial. E uma cultura inclusiva gera mais respeito às diferenças, maior engajamento e maior produtividade, estimulando a criatividade e a inovação.
Há dois fatores para as empresas investirem em diversidade e inclusão:
- a sociedade busca por empresas que tenham oportunidades mais justas e que respeitem a diversidade de todas as pessoas;
- as empresas precisam se adaptar às necessidades e aos desafios de um mercado globalizado, que está em constante mudança.
Esses dois pontos mostram que além de ser o certo a ser feito e estar alinhado com a cultura da empresa, investir em diversidade também é bom para os negócios e para a sociedade.
Como atrair pessoas trans para o recrutamento e seleção?
Análise do currículo pode ser uma das formas de recrutar pessoas trans para uma determinada vaga. Este processo fica mais assertivo se o recrutamento e a seleção é feito às cegas, ou seja, não é revelado dados pessoais, somente suas competências.
Para esse tipo de recrutamento, o indicado é usar softwares que utilizem a inteligência artificial, como o TAQE. Nele é possível fazer a pré-seleção dos candidatos que tenham as competências necessárias para vaga sem qualificar questões de gênero ou idade.
Mas o processo de atração de talentos trans começa muito antes da divulgação da vaga.
Como fazer o anúncio de uma vaga?
Ao criar um anúncio de uma vaga cujo foco é a diversidade, utilize linguagem de gênero inclusivas, ou seja, neutras. Em vez de colocar engenheiro de produção, por exemplo, opte por pessoa engenheira de produção.
Também é importante deixar claro que as pessoas de grupos diversos também podem se candidatar a vaga. E se a empresa tem algum tipo de manifesto sobre a diversidade, pode incluir este posicionamento na vaga.
Para esse tipo de recrutamento também é possível contratar plataformas com bancos de currículos direcionados. O TAQE, por exemplo, possui um banco com mais de 730 mil profissionais triados aguardando o match com as vagas. Experimente o TAQE.
Como fazer a contratação de pessoas trans?
É importante ter definido as competências necessárias para a vaga. Ao contratar uma pessoa trans é preciso que haja concordância entre o que é requerido e o que a pessoa demonstra ser de potencial.
É importante lembrar que a contratação de uma pessoa trans não é apenas para dar uma oportunidade de trabalho, mas ela também precisa ter uma experiência positiva, bem como ser bom para a empresa.
Ao encontrar a pessoa ideal para vaga, sempre utilize o nome pelo qual ela quer ser chamada: seja pelo nome social ou pelo nome já regularizado na sua documentação.
O indicado é passar todas as informações necessárias para o próximo passo: a data, o horário, o endereço, os documentos necessários e o que mais for requerido para ela começar o emprego.
Algumas pessoas podem achar este cuidado desnecessário, mas é preciso lembrar que muitas pessoas trans estão fora do mercado de trabalho formal e não conhecem os rituais para a candidatura e nem os procedimentos seguintes depois da aprovação.
Como convencer a gestão a contratar uma pessoa trans?
Por mais que a diversidade seja uma política na empresa, é possível que a equipe de RH ainda encontre gestores mais resistentes.
Nestes casos, se o time de recrutamento e seleção identificou o potencial de uma pessoa trans para a vaga, é importante reforçar os talentos dessa pessoa ao defender essa candidatura junto ao gestor.
Se a pessoa que está fazendo o recrutamento e seleção achar que não é o momento adequado de dizer que é uma pessoa trans não tem problema, o ideal é achar um momento mais adequado. Porém, jamais deixe de apresentar uma das características de seus candidatos que podem ser relevantes para a gestão!
Outro ponto importante é que ao apresentar a característica da pessoa, seja ela trans, LGBTI+ ou com deficiência, não se deve basear na suposição de que isso seja um problema para o gestor, pelo contrário, pode ser a solução.